Filme que conta a história de jovem com paralisia surpreende ao tratar de assuntos delicados de uma forma extremamente sensível

O longa ‘’37 segundos’’ dirigido pela diretora Hikari, estreou no primeiro semestre de 2020, na Netflix e apresenta a atriz iniciante Mei Kayama, como a personagem Yuma, a protagonista do filme. Yuma é uma jovem de 23 anos que tem paralisia cerebral e sonha em se tornar uma artista de mangá famosa. Ela trabalha como assistente de desenho no estúdio de mangá da prima que é uma mangaká (artista que cria mangás) e youtuber famosa, mas esse trabalho não a faz feliz porque todo o seu esforço é visto como inútil e desnecessário e sua existência é ofuscada pela prima famosa, que a esconde e a mantém longe do olhar do público que nem sequer sabe da sua existência.
O filme trata de assuntos bem delicados, que vão se desenvolvendo ao longo da história. O primeiro deles é o capacitismo, que é o preconceito com pessoas que possuem algum tipo de deficiência. Em sociedades capacitistas, a ausência de qualquer deficiência é considerada como o normal, e pessoas com alguma deficiência são entendidas como exceções; a deficiência é vista como algo a ser superado ou corrigido, se possível por intervenção médica. O Japão é um país onde cadeirantes conseguem ter uma boa qualidade de vida porque toda a estrutura das grandes metrópoles é adaptada pensando no bem estar dessas pessoas. Ao entrar na estação, as máquinas de bilhetes são posicionadas numa altura baixa o suficiente, para que todos possam usá-las, inclusive usuários de cadeiras de rodas. No filme, a protagonista vai sozinha para o trabalho e embarca no metrô sem nenhuma dificuldade, e pode contar também com a ajuda de funcionários caso haja necessidade.
Temas como sexualidade, laços de família, empoderamento feminino e autoestima também são abordados. A jovem desenhista decide apresentar seu trabalho numa editora que publica histórias eróticas, os famosos hentais. Esse tipo de conteúdo é voltado para o público adulto. A editora chefe conversa com Yuma e diz que a história e os desenhos são bons, mas não passam autenticidade, pois a garota nunca teve experiências sexuais. Então, a orientação que ela recebe é para iniciar a vida sexual para que possa estar apta a escrever e desenhar esse tipo de arte. E esse é o ponto de partida para muitas experiências novas.
Criada sozinha pela mãe, ela sempre foi super protegida e tratada como alguém totalmente incapaz de se cuidar sozinha. Por causa da paralisia cerebral, a jovem precisa de alguns cuidados especiais e isso faz com que sua mãe se torne uma figura que deixa de ser essencial e passa as ser alguém que a sufoca e tira a sua autonomia, sempre trazendo à tona pensamentos como ‘’eu sou capaz de fazer isso sem a ajuda de outra pessoa?’’ Então, como fica a percepção da sexualidade de alguém que tem tantas dúvidas sobre si mesmo e sobre seu valor? Isso também é explorado e muito bem trabalhado na trama. O filme fala também sobre a importância da amizade e o efeito positivo que os amigos causam na nossa saúde física e mental, sempre nos apresentando novas formas de enxergar o mundo.
Prezada Mariana,
Que emocionante esta resenha sobre o filme 37 segundos!
A partir dessa resenha, entendi que é um filme imperdível para falar sobre vivências ainda tão sensíveis na nossa realidade brasileira, uma possibilidade para construir empatia e responsabilidade com essas condições de vulnerabilidade no nosso cotidiano.
Interessante que este filme permite pensar sobre essas condições de vulnerabilidade num contexto, a princípio, distante culturalmente mas que se aproxima da nossa realidade enquanto uma sociedade japonesa que ainda precisa lidar com tabus e preconceitos
Parabéns pela iniciativa deste blog!
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Olá, Bruna!! Fico feliz que tenha gostado do texto. É um filme incrível mesmo e nos faz pensar em muitas coisas, nos faz dar valor ao que temos. Ele está disponível na Netflix, é imperdível!
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Boa noite
Obrigada pela indicação.
O filme é emocionante
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Que bom que gostou ❤
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Muito bom!
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Obrigada!!!
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