Breve Introdução à Psicologia Analítica – Parte III

 

Parte III – Alquimia

Gostaria que o leitor pensasse nessa parte como um miniguia para lhe acompanhar em sua jornada através desse blog, servindo de bússola para guiá-lo na leitura. Iremos abordar os principais conceitos de Carl Jung em relação à psique humana, entretanto apenas de forma simples e resumida. O motivo para tal é a complexidade e grandeza de cada assunto, que devem ser explorados separadamente, analisados de diversos ângulos e perspectivas (Missão essa, dos nossos artigos). Gosto de comparar o ser humano com um * Dodecaedro (Poliedro de 12 lados) de modo que se você observar, focar ou estudar apenas um lado (aspecto) é possível compreender universo dos demais lados,entretanto sem esquecer da sua conexão com o todo. Quaisquer campos que se estuda o ser humano, seja através da música, movimento, culinária, sociedade, animes, psicologia,  iremos encontrar pontos em comum que se interligam, pois o ser humano é o objeto de estudo, é um ser múltiplo. O objetivo aqui é somar,  olhar outras faces do poliedro a fim de compreender o todo.
*Pitágoras acreditava que o Dodecaedro era a representação geométrica da perfeição universal, em tempos onde a matemática não se separava da metafísica e do misticismo.

 

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Glossário Psicologia Analítica
 
            Psique: Vem da palavra grega Psykhé, que significaria em nosso entendimento alma, espírito, mente. O termo é utilizado pela psicologia como sinônimo de estrutura mental. Para Jung a Psique humana é um sistema de energia parcialmente fechado, integrado entre si,  onde toda a energia disponível possui um valor psicológico que varia conforme sua intensidade, estando em constante distribuição de fluxo na busca pelo equilíbrio da estrutura. Se trata sobre os processos mentais conscientes e inconscientes da mente humana.
 
           Energia Psíquica: Embora não tenha formulado um conceito único  e fechado que explique a energia psíquica, Jung  considera a existência da mesma, acredita que existem meios pelos quais conseguimos medir a intensidade de uma energia, um valor energético, percebido através da análise. São potências, possibilidades, valores, emoções, impulsos latentes da mente humana, carregadas de intenção, como por exemplo: Agressividade, vontade, intelectualidade, apetite sexual.
 
 
 
           [03]“ A ideia de energia não é a de uma substância que se movimenta no espaço, mas um conceito abstraído das relações de movimento. Suas bases não são, por conseguinte,as substâncias como tais, mas sua relações.’’
 
 
 A psique possui funções que mantém a homeostase de sua estrutura, alguns princípios foram formulados por Jung para compreender como funciona a dinâmica do sistema psíquico:
 
  Princípio da Equivalência:  Baseada na primeira lei da Termodinâmica de Helmholtz que diz:
 
 “Para uma determinada quantidade de energia utilizada com o fim de produzir uma condição, uma outra quantidade equivalente de energia surge em algum outro ponto.’’
 
Sendo a Psique um sistema  parcialmente ‘’Fechado’’, podemos teorizar que ao movimentar conteúdos conscientes, como ações, carregadas de sentimentos, estaremos mobilizando uma energia psíquica de igual intensidade em nosso inconsciente. Que nos leva ao princípio a seguir:  
 
Princípio da Compensação: Na psique existe uma tendência ao estado de Homeostase, a energia psíquica é uma totalidade dentro de um sistema parcialmente fechado,  qualquer inclinação de energia intensa em  determinado ponto é compensada através do princípio de equivalência para manter o equilíbrio da estrutura. Assim o fluxo permanece constante. Há esse equilíbrio se dá o nome de função compensatória. Um exemplo utilizado, é a resposta do inconsciente a qualquer tendência a unilateralidade da consciência, sendo essa manifesta através de sonhos, ideias, atos falhos, onde os conteúdos inconscientes emergem na busca pela compensação relativa a descarga do consciente. Uma das principais funções do inconsciente é a compensação frente quaisquer tendências inflexíveis e irredutíveis  da consciência.

            Estrutura da Psique:
 
            Jung como observamos propõe um modelo de estrutura psíquica diferente de Freud, onde para além do inconsciente pessoal é acrescentado um coletivo, muito mais ‘’profundo’’ e vasto que o anterior, sendo sua estrutura dividida de seguinte modo:

 

 

 

            Complexo não? Mas fique tranquilo, vamos desmembrar cada estrutura por tópicos.
        Consciente/ Consciência: Nesse ponto não se difere muito do conceito habitual utilizado pelas vertentes da psicologia, sendo essa, a parte de nossa psique presente, desperta no momento atual, aquilo que lhe permite refletir sobre o que está lendo nesse exato momento, e que permitiu o homem dar *objetividade ao mundo subjetivo, entretanto como veremos a seguir é apenas uma fração do todo.
 
           * O Sufixo Jectum : Jogado, Lançado.
              Objectum: Aquilo que é colocado a frente, a vista, diante de.
              Subjectum: Aquilo que é colocado Sob.
 
             Complexos: Cargas mentais que se organizam a partir de experiências emocionais significativas da vida do indivíduo, união de imagens, ideias e sentimentos  em torno de um núcleo central, de um ou mais arquétipos. É considerado uma unidade autônoma dentro da psique, quase como outra personalidade, sendo o mais conhecido por nós como complexo do ego.  O encontro deste complexo com os demais resulta em identificação ou dominação de um complexo sobre o outro. Em ambos os casos resultam em distúrbios psicológicos. Entretanto é um fenômeno natural da psique e não deve ser entendido como patológico nem puramente negativo, pois possui papel fundamental no processo de individuação do ego.  Jung foi o grande cunhador da teoria sobre os complexos, termo que foi adotado por Freud para explicar certos conceitos como o complexo de Édipo, Dionísio, entre outros.
 
[18] “ O conteúdo emocional, ou complexo, é constituído de um elemento nuclear e de uma grande quantidade de associações consteladas secundariamente. O elemento nuclear consta de dois componentes: em primeiro lugar, de uma condição, determinada pela experiência, portanto de um fato vivido, casualmente vinculado ao ambiente, e em segundo lugar, de uma condição imanente de caráter individual de natureza disposicional.’’
 
          Complexo do Ego: Centro organizador da consciência, para Jung o ego é o complexo da psique que identificamos como EU, é o desdobramento natural da relação do meio interno frente ao externo, a soma de experiências, percepções, ideias e vontades que juntas formam esse complexo, o Ego, entretanto tem o costume supor ser  a unicidade e totalidade da mente,  sofre um grande impacto ao se deparar com os demais campos que habitam sua psique, descobrindo que não é o todo mas parte dele.
 
           Inconsciente: Nome atribuído a todo e qualquer conteúdo da psique que não pertence à consciência. Jung propõe que essa camada não é formada apenas por conteúdos reprimidos e memórias pessoais e os divide em dois conceitos:
 
          [203]‘’ O inconsciente possui além desse, outro aspecto, incluindo não apenas conteúdos reprimidos, mas todo material psíquico que subjaz o limiar da consciência. É impossível explicar pelo princípio de repressão à natureza subliminal de todo esse material; caso contrário, a remoção das repressões proporcionaria ao indivíduo memória fenomenal, à qual nada escaparia”.
  
           Inconsciente Pessoal:  Parte de nossa psique relacionada a todos os conteúdos não conscientes, porém presentes (memórias, percepções, sensações) tudo de pessoal que o indivíduo teve contato durante o decorrer de sua vida. Portanto aquilo que foi esquecido,reprimido, sentido de forma subliminar, pensado e percebido,  está presente nessa parte de nossa psique. Nessa camada  se encontram os complexos, é  mais próxima ao consciente em relação ao conceito que virá a seguir.
 
          [218]‘’ Os conteúdos inconscientes são de natureza pessoal quando podemos reconhecer em nosso passado seus efeitos, sua manifestação parcial, ou ainda sua origem específica’’. 
 
          Inconsciente Coletivo: A camada mais vasta e inexplorada da psique é comparável ao Oceano, imenso e cheio de mistérios, está para além de nossas experiências pessoais, é uma herança ‘’genética’’, comportamental de nossos antepassados. Seus conteúdos nunca estiveram presentes no consciente do indivíduo, suas imagens são verificáveis em quaisquer sociedades antigas, ideias e ações que se repetem ao longo da história humana. Deuses, potências, arquétipos são símbolos que advém do inconsciente coletivo, não é possível saber a sua extensão, muito menos todo seu conteúdo, o que temos são apenas fragmentos, peças de um quebra cabeça que emergem a nossa consciência, através de sonhos, experiências transcendentais ou artísticas, tudo o que há de profundo e complexo em nossa alma está de alguma forma contido nesse universo. Seus conteúdos não carregam nenhum traço pessoal, portanto são possibilidades herdadas da psique humana.
 
           [88]” O inconsciente coletivo é uma parte da psique que pode distinguir-se do inconsciente pessoal, pelo fato de que não deve sua existência à experiência pessoal, não sendo, portanto aquisição pessoal’’.

           Arquétipos/Archetypus:  São imagens primordiais que o ser humano carrega desde os tempos mais remotos, símbolos herdados pela psique humana. São conteúdos ativos que jazem no inconsciente coletivo da humanidade, sua expressão é encontrada em mitos, contos, pinturas, poemas, arquitetura, sonhos, visões, seu significado e intensidade são imensuráveis e não possuem cunho pessoal. O que temos ao encontrar um arquétipo é apenas a sua imagem já modificada por nossa mente consciente, o real conteúdo de um arquétipo não pode ser decifrado, pois este em sua forma primal está profundamente oculto na natureza de nossa psique. O que acessamos são apenas os fragmentos de uma imensidão cujo real significado e extensão não se pode mensurar.
 
             Exemplos: Os próprios instintos da humanidade, que tem caráter biológico e impessoal, comum a todo ser humano, como o apetite sexual, autopreservação a agressividade, é possível que os arquétipo sejam imagens representativas do comportamento instintivo.
 
             [6]” O arquétipo representa essencialmente um conteúdo inconsciente, o qual se modifica através de sua conscientização e percepção, assumindo matrizes que variam de acordo com a consciência individual na qual se manifesta. ’’
 
       Self/Selbst: Consciente e o Inconsciente não se acham necessariamente em oposição, mas se complementam para formar a totalidade, o Si-mesmo. O Self representa a totalidade da psique, a grandeza maior da mente humana, é traduzido como Si-mesmo. O verdadeiro eu do indivíduo, nossa essência como humanos realizados. Retrata a verdadeira vontade da personalidade, está junto ao ego e faz parte dele, é *imanente e ao mesmo tempo *transcendente, está associado ao Divino em nós, é a força que nos leva a totalidade de nosso ser; é alcançado pelo caminho da individuação.
 
             *Imanência: Aquilo que tem em si, o próprio fim.
             *Transcendência:  Aquilo que vai além de, transcende há, tem um fim externo além de si mesmo.
 
            Persona: Persona significa máscara, papel cujo ator deveria assumir, é o modelo arbitrário de nossa psique que adotamos para expor a sociedade, é formada por diversos complexos, e embora possua um caráter pessoal este provém da psique coletiva, a Persona deseja ser identificada como Ego, entretanto não o é, sendo uma representação personificada, os personagens que apadrinhamos ao longo de nossas vidas. Ela quer acreditar ser individual e pessoal e muitas vezes nosso ego se identifica com a Persona a ponto de supor ser a mesma, entretanto quando verdadeiro Si-mesmo (Self) emerge do inconsciente este assume o verdadeiro papel da personalidade do indivíduo.
 
             Exemplo: o Pai, o chefe, o Badboy, o bonzinho, a esposa, o professor.
 
            [305]”A persona é um complicado sistema de relação entre a consciência individual e a sociedade; é uma espécie de máscara destinada, por um lado,a produzir um determinado efeito sobre os outro e por outro lado ocultar a verdadeira natureza do indivíduo.”  
 
        [246]”Ao analisarmos a persona, dissolveremos a máscara e descobrimos que  aparentando ser individual, ela é no fundo coletiva; em outras palavras a persona não passa de uma máscara da psique coletiva. Ela representa um compromisso entre o indivíduo e a sociedade daquilo que alguém parece ser, nome, título, ocupação, isto ou aquilo”.
             Sombra: Representa toda a parte da psique que foi reprimida, contida pelo indivíduo, é a outra face do ego, normalmente conteúdos aos quais temos medo de confrontar, toma a forma de nossos demônios, é o contraponto de nossa personalidade, entretanto também carrega em si qualidades ocultas, muitas vezes reprimidas ou não exploradas.
 
             Anima: Imagem da Alma, uma função autônoma do  inconsciente, personalidade interna, diferente à personalidade externa do Eu. É o arquétipo, a essência Feminina (Yin)* presente dentro da psique humana, é a imagem primordial da mulher que age como uma personalidade interna no homem, depósito de toda experiência humana em relação ao sexo oposto. Representa  em qualidades e forças a intuição, sensibilidade,percepção.
 
                    [301] ” Há uma imagem coletiva da mulher no inconsciente do homem, com o auxílio da qual ele pode compreender a natureza da mulher’’.
 
                    [299]”Nessa imagem da anima feminina subjaz algo de supra individual, algo que não deve a sua efêmera existência a uma originalidade meramente individual, representa alguma coisa de típico e sua raízes mergulham profundamente’’ .
 
       
             Animus: Imagem do Espírito,  função autônoma do  inconsciente, personalidade interna, diferente  à personalidade externa do Eu. É o arquétipo, a essência Masculina (Yang)* presente dentro da psique humana, é a imagem primordial do homem que age como uma personalidade interna da mulher, depósito de toda experiência humana em relação ao sexo oposto. Representa em qualidades de forças a  razão, ação e criatividade.
           [336]  “O Animus é uma espécie de sedimento de todas as experiências ancestrais da mulher em relação ao homem e ainda mais, é um ser criativo e engendrado ”.
 
           *Yin/Yang: São as forças opostas, complementares que se alternam. Dentro da base da filosofia Taoísta é a essência das energias que formam o Tao (energia universal), Jung sofreu grande influência da cultura oriental em seus estudos e provavelmente utilizou tal conceito para formular sua teoria sobre Anima e Animus.
 
                   Do mesmo modo como demonstra a figura acima, onde existe uma porção de Yin dentro do Yang sendo o contrário verdadeiro, todo homem possui a imagem da mulher em seu inconsciente, entretanto essa não seria construída através apenas da experiência pessoal, mas em base ao arquétipo da mulher presente desde os primórdios da humanidade no inconsciente coletivo, como por exemplo: Adão e Eva, os primeiros humanos de cada sexo. Do mesmo modo a Mulher possui em sua psique a imagem do Homem que a acompanha, Anima e Animus então representam nossa alma interna, o comportamento com qual nossa personalidade conversa com o  inconsciente, que serve como ponte de conexão com consciente. Entretanto esses arquétipos, que são ‘’personalidades internas’’, estão presentes em ambos os gêneros, ou seja todos os indivíduos possuem Animus e Anima em sua psique. Não devemos restringir aqui o entendimento desse conceito através da diferença entre gêneros, para além, devemos compreender a essência e a representação dessas figuras dentro de toda natureza da psique, por esse motivo o conceito Taoísta é de grande importância, pois abre um leque de possibilidades e compreensão  a teoria de Jung.
 
           
 
             Individuação: Significa torna-se um ser único,processo de desenvolvimento do ser humano pelo qual o Ego descobre o seu verdadeiro eu, o encontro com a totalidade, integração com o Self. Caminho de realização do indivíduo, em todos seus aspectos, é através desse processo que integramos a camada do inconsciente pessoal que recobre o coletivo e diminuímos a influência julgadora e controladora do Eu para que assim possamos reconhecer o coletivo como parte de nosso ser, posteriormente se diferenciando e se libertando das influências sutis que o coletivo também exerce rumo à integridade com Self. Ser parte de, estar com, pode ser comparado a processos como o Satori (Iluminação) Budista, Transcendência, Homeostase. Entretanto não é um estágio final, mas sim um caminho eterno, de autoconhecimento e reconhecimento, pois os conteúdos do inconsciente são infinitos, sempre emergindo novos desafios, sendo a individuação o caminho não o ponto de chegada do desenvolvimento humano.
 
             [269]”A meta da individuação não é outra senão a de despojar do si-mesmo os invólucros falsos da persona, assim como o poder sugestivo das imagens primordiais’’ .
 
              Função Transcendente: Diferentemente de Freud onde o foco está contido na visão do Libido como impulso sexual primitivo como base de seu trabalho psicológico, Jung propõe a ideia de um impulso espiritual , uma função da psique humana que trabalha para buscar algo além dela, que a transcende, responsável pelo desfecho final, nos leva ao processo de individuação e reconhecimento do Self como o todo da psique, a representação dessa função se encontra em todas as expressões religiosas e espirituais, que podem ser observadas em todas as culturas.
 
              Numinosidade/ Experiência Numinosa: Adjetivo para um estado de espírito  que é influenciado,  que se encontra inspirado pelas qualidades transcendentais do Divino, o mistério e o sagrado. Os Arquétipos possuem  caráter numinoso, os conteúdos que emergem do inconsciente do  indivíduo, principalmente aqueles ligados a função transcendente possuem grande caráter numinoso. Basta observar casos de conversão religiosa, paixões, fixações, superação pessoal, onde a experiência numinosa com  qual o consciente se depara tem influência profunda, adquire uma qualidade transcendental, onde seu significado e força está além do Eu e controle consciente. São símbolos, conteúdos, experiências que tem grande efeito transformador no indivíduo, tanto em aspectos positivos, como também negativos.
 
               [110] “Essas imagens contêm não só o que há de mais belo e grandioso no pensamento e sentimento humanos, mas também as piores infâmias e os atos mais diabólicos que a humanidade foi capaz de cometer. Graças à sua energia específica (pois comportam-se como centros autônomos carregados de energia), exercem um efeito fascinante e comovente sobre o consciente e, conseqüentemente, podem provocar grandes alterações no sujeito.”
 
                     “Cada vez que um arquétipo aparece em sonho, na fantasia ou na vida, ele traz consigo uma “influência” específica ou uma força que lhe confere um efeito numinoso e fascinante ou que impele à ação’’.
 
              Participação Mística: Se refere a identificação do sujeito com o objeto, onde o mesmo não consegue distinguir de forma clara a diferenciação entre ambos. Em outras palavras o sujeito se encontra ligado ao objeto, como se o mesmo fosse parte de sua identidade, há uma unicidade entre os dois. Segundo a antropologia, seria um resíduo do pensamento do homem primitivo. Jung pegou o termo emprestado para explicar a vinculação psicológica em  relação aos sonhos e rituais onde o indivíduo se identifica com os conteúdos arquétipos e suas qualidades numinosas, muitas vezes atribuindo essas qualidades a eles mesmos ou a objetos.
 
                    Entretanto essa vinculação não necessita de um objeto físico, o objeto pode ser outro ser vivo, um símbolo, uma ideia, ou até mesmo um conteúdo inconsciente projetado.Embora primitiva, essa função ainda ocorre nos dias atuais, obviamente de percepção mais sutil, já que os rituais não se encontram presentes no cotidiano do homem moderno, porém é possível encontrar traços do mesmo ao decorrer da vida, como por exemplo: um baile de debutante, o casamento, o batismo. O objeto físico então com  o tempo dá espaço a ideia do objeto. Experiências onde é possível identificar símbolos, idéias e grande capacidade de transformação interna devido ao seu caráter numinoso.
 
              [282] ‘’Seus objetos têm animação dinâmica, estão carregados de matéria ou força anímica e exercem influencia psíquica direta sobre as pessoas, produzindo nelas como que uma identidade dinâmica com seu objeto. Por isso, em certas línguas primitivas, os objetos de uso pessoal têm um gênero que designa vida (o sufixo de estar vivo)”.

           Sincronicidade: Eventos psíquicos e fenômenos externos que se relacionam em série, onde o fato possui algum significado para o seu observador, uma coincidência  significativa, que não pode ser explicada através da lógica e não possui um padrão, o espaço/tempo entre os acontecimentos é distorcido.
 
                    Exemplos:
 
  • Sonhar com números aleatórios, e estes serem justamente os números de um sorteio ou da mega-sena.
  •  Pensar em uma pessoa que não vê a tempos, ao cruzar a esquina se deparar com a mesma.
  • Premonições e previsões de acontecimentos, como desastres ou fatos importantes.
 
Caso o leitor pare para refletir irá certamente se lembrar de algum fato, uma coincidência sem explicação.
 
Para Jung é um fenômeno que não pode ser ignorado, uma vez que é observável a relação da psique e os fatos externos. São acontecimentos não casuais que se interligam através de um significado. Deve se destacar que a sincronia não é referente ao tempo, no sentido de que os fatos ocorrem ao mesmo tempo, a sincronicidade está no fato na sequência de eventos significativos que transcende a barreira espaço temporal.
 
           Unu Mundus: É necessário encerrarmos por onde começamos, a busca pela Totalidade, nome cunhado por alquimistas, significa literalmente  um mundo só, esse termo foi popularizado por Jung, que compreendia, que a psique e o ambiente externo a ela compartilham de um mesmo universo, cujo a sincronicidade dos fatos é explicada por esse compartilhamento, onde o fenômeno e seu observador derivam da mesma fonte. A unidade entre a natureza material e imaterial, na psicologia analítica esse conceito é visto como outra forma de expressar a ideia de Totalidade, onde a realidade do Eu e o Self caminham para uma meta em comum, o processo de individuação, conexão, unificação entre o consciente e inconsciente.
 
               Agora que todas as cartas se encontram na mesa, o leitor pode finalmente mergulhar nos artigos desse Blog. Espero que os conteúdos que serão apresentados estimule  a curiosidade e a  psique de vocês. Fiquem livres para comentar, compartilhar, discordar e contribuir com cada artigo aqui colocado, entretanto sempre mantendo o respeito em relação ao tema e seu autor. A jornada finalmente alcança sua autonomia!

 

 
Referências Bibliográficas
 
                Freud, Sigmund. O Ego e o Id e Outros Trabalhos. Imago, 1976.
           Grinberg, Luiz Paulo. Jung: o Homem Criativo. FTD, 2003.
                       Hirsch, Sonia. Manual Do herói: Ou a Filosofia Chinesa Na Cozinha.CorreCotia,1982.
         Jacobi, Jolande. Complexo, arquétipo e símbolo Na Psicologia De C.G. Jung. Editora Vozes,2016.
          Jacobi, Jolande. A Psicologia De C.G. Jung Uma introdução às Obras Completas. Ed. Vozes,2013.
                Jung, C. G. (Carl Gustav). O Eu e o Inconsciente. Vozes, 2008.
                      Jung, C. G. (Carl Gustav). Psicologia Do Inconsciente. Vozes, 2008.
         Jung, C. G. (Carl Gustav). A energia Psíquica. Vozes, 2014.
                     Jung, C. G., and Orth Lúcia Mathilde Endlich. Tipos psicológicos. Vozes, 1991.
                 Jung, Carl Gustav, and Brigitte Dorst. Espiritualidade e transcendência. Editora Vozes, 2015.
                                   Jung, Carl Gustav, et al. Os arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Vozes, 2001.
                Jung, Emma, et al. Animus e Anima. Bollati Boringhieri, 2016.
     Silveira, Nise da. Jung: Vida e Obra. Paz e Terra, 2003.
                     Telles JG. Palavras do Amigo- Aos Estudantes de Direito.Saraiva, 2º Ed.2014
 
Sites
           https://www.significados.com.br/psique/
           https://www.dicionarioinformal.com.br
 
 
                       http://www2.assis.unesp.br/cilbelc/jornal/agosto06/content20.html
 
 

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